Dra Karina Rossi Bonfiflioli – Reumatologista

Fibromialgia

Definição e Epidemiologia: A fibromialgia é uma das condições reumatológicas mais prevalentes no mundo, cuja característica principal é a dor musculoesquelética difusa e crônica. No Brasil, a fibromialgia é a segunda doença reumatológica mais frequente, após a osteoartrite (artrose) com prevalência de 2,5% na população geral. A maioria dos pacientes é do sexo feminino (70 a 90 %), mais comumente na faixa etária entre 35 e 45 anos de idade.

 

Etiologia e quadro clínico: A síndrome da fibromialgia se caracteriza por dor crônica em todo o corpo, manifestada com a ausência de inflamação. Pouco ainda é conhecido sobre sua causa. Postula-se que a maior sensibilidade à dor é provocada por um distúrbio de processamento dos estímulos dolorosos pelo sistema nervoso central. Além do quadro doloroso, estes pacientes podem apresentar fadiga, distúrbios do sono, sensações subjetivas de inchaço e formigamento de extremidades,artralgias, distúrbios da memória e atenção, entre outros sintomas.

 

Diagnóstico:. O diagnóstico é clinico, com base em critérios estabelecidos pelas sociedades de reumatologia, buscando investigar: número de segmentos corporais dolorosos e avaliação da intensidade da dor, presença de sintomas “satélite” como fadiga, alterações do sono e alterações cognitivas, responsividade à dor através da compressão de pontos corporais específicos, entre outros sinais e sintomas.

 

Não existem exames laboratoriais ou de imagem capazes de detectar a fibromialgia, mas eventualmente é necessário investigar outras causas de dor crônica (como doenças inflamatórias, endócrinas e neurológicas) para definição do diagnóstico.

 

É frequente a associação da fibromialgia a outras condições, como depressão, ansiedade, síndrome da fadiga crônica, síndrome miofascial, síndrome do cólon irritável, enxaqueca e síndrome uretral inespecífica.

 

Tratamento: O tratamento deve ser multidisciplinar, considerando os aspectos físicos e também emocionais, que frequentemente estão envolvidos na intensidade dos sintomas.

 

1- Tratamento não medicamentoso:

  • a. Orientações sobre a doença 
    • i. Esclarecimento de que não se trata de uma doença incapacitante, não leva a deformidades e nem a limitações físicas
  • b. Terapia Cognitivo comportamental
    • i. Especialmente importante nos casos de depressão ou ansiedade associados
  • c. Atividades físicas, especialmente aeróbicas (corrida, caminhada, natação, hidroginástica, etc…)
    • i. Musculação e alongamento também podem ser associadas, porém tem menos impacto na dor
  • d. Medidas que não tem comprovação científica de eficácia porém podem ser coadjuvantes no tratamento: acupuntura, balneoterapia, massagem, etc

 

2- Tratamento medicamentoso

  • a. Antidepressivos:
    • i. Inibidores duais de serotonina e noradrenalina: No Brasil temos disponível a Duloxetina (Cymbalta)
    • ii. Antidepressivos tricíclicos: Amitriptilina
    • iii. Inibidores de recaptação de serotonina: Fluoxetina, Paroxetina
  • b. Anticonvulsivantes: Pregabalina (Lyrica), Gabapentina (Neurontin)
  • c. Analgésicos: Dipirona, Paracetamol, etc.