Fibrilação Atrial

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O que é?

A fibrilação atrial, comumente designada pela sigla “FA”, é uma arritmia cardíaca que leva à total descoordenação da condução elétrica cardíaca através dos átrios, que são as câmaras de entrada do sangue do lado direito e esquerdo do coração. Dessa forma, os átrios param de contrair, mas o impulso continua normalmente através dos ventrículos, que são as verdadeiras bombas de sangue para o pulmão e o resto do corpo. O principal sintoma é a palpitação e os batimentos que saem do ritmo. Não é uma arritmia maligna, mas aumenta muito o risco de derrame cerebral (AVC) e pode levar a perda da qualidade de vida, devendo ser acompanhada de perto por um cardiologista, já que pode ser revertida ou bem controlada.

 

Como ocorre?

O coração, assim como qualquer outro músculo do corpo, contrai através de estímulos elétricos. O que o diferencia é que estes estímulos surgem sem que precisemos acioná-los, ou seja, de forma automática. O ritmo cardíaco normal nasce em uma estrutura chamada nó sinusal, situada no átrio direito, e se conduz por uma espécie de rede de fios, que leva o estímulo do átrio direito para o resto do coração. Entretanto, em algumas situações, esta “rede de fios” pode se corromper e outras áreas do coração podem começar a liberar estímulos também. Quando esta confusão ocorre nos átrios, dá-se o nome de Fibrilação Atrial (FA).

A fibrilação atrial pode ocorrer apenas eventualmente, com remissão espontânea, chamando-se FA Paroxística. Quando é necessário alguma intervenção médica, chama-se FA Persistente, e quando não se propõe a reversão, chama-se FA Permanente. De forma menos frequente, a FA pode ocorrer em pessoas com menos de 40 anos, sem alteração cardíaca estrutural e sem fatores de risco. A reversão costuma ser mais fácil e a arritmia recebe o nome de FA Isolada.

 

Quem corre mais risco de desenvolver Fibrilação Atrial?

A Fibrilação atrial é uma arritmia muito comum, sendo considerada a arritmia cardíaca com significado clínico (com necessidade de tratamento) mais comum na prática médica. Ocorre com mais frequência em idosos, em pacientes com hipertensão arterial, em diabéticos, e naqueles com alterações cardíacas prévias e comorbidades. As alterações cardíacas mais significativas são as doenças valvares. Mas a idade continua sendo o fator mais importante. Para se ter uma idéia, estima-se que 1 em cada 10 idosos acima de 80 anos já tenham apresentado FA.

 

Quais são os riscos?

Apesar de o coração bater muito fora do ritmo e às vezes bastante rápido, na maioria das vezes os sintomas, apesar de incômodos, são leves, como palpitações e cansaço. Em pessoas muito debilitadas, entretanto, pode levar a falta de ar e até síncope. Sintomas muito graves, com risco imediato à vida, são bastante incomuns, ocorrendo mais naqueles que já possuem alterações cardíacas graves previamente. Por estes motivos, quando a frequência cardíaca está controlada, é raro haver sintomas, mesmo com a manutenção da arritmia.

Mas em alguns casos opta-se pela reversão da arritmia com medicamentos antiarrítmicos ou cadioversão elétrica (choque).

Entretanto, devido à falta de contratilidade dos átrios, há um aumento da chance de formação de coágulos dentro do coração, devido ao sangue não se movimentar adequadamente em algumas regiões. caso estes coágulos venham a se desprender, podem, através da circulação sanguínea, entupir vasos cerebrais, causando um derrame cerebral, ou Acidente Vascular Cerebral (AVC). Assim, a prevenção da formação de coágulos torna-se também um ponto fundamental do tratamento.

 

Como é feito o diagnóstico?

Como é uma arritmia comum, bons clínicos gerais e outros espcialistas conseguem identificá-la facilmente, apenas através da palpação e ausculta de um ritmo cardíaco caótico. Mas a documentação através do eletrocardiograma simples, de 12 derivações, é o exame padrão, não sendo necessária nenhuma confirmação diagnóstica complementar. Então o paciente poderá ser encaminhado a um cardiologista, que assim procederá a investigação das causas, estimativa dos riscos e proposta de tratamento.

 

Acho que tive um episódio… mas já passou. Como faço?

Procure um cardiologista. Há exames que medem o ritmo cardíaco por longos períodos para identificar possíveis eventos, diagnósticos diferenciais, e riscos. Associados a uma boa avaliação clínica é relativamente fácil chegar a uma conclusão.

 

Existe cura?

Não. Existe controle. Hoje em dia há alguns métodos que tentam manter o ritmo cardíaco regular por mais tempo através de um cateterismo especial, que tenta “queimar” os “curtos-circuitos” geradores da arritmia usando radio-frequência. Este método é chamado de ablação e tem eficácia comprovada, embora indicada apenas para pacientes selecionados, com resultados ainda tímidos. Ainda há uma taxa de cerca de 50% de recorrência após o procedimento.

 

Tenho FA. Devo temer?

Não. Sabe-se hoje que o paciente com FA pode ter uma vida normal com um acompanhamento regular e adequada atenção para o risco de AVC. Procure um cardiologista.